sábado, 2 de julho de 2011

Manual do Arquiteto Pé Descalço


















Manual do Arquitecto Descalço
Com linguagem simples e desenhos explicativos, Johan van Lengen ensina a planear e construir habitações, bairros, casas de banho secas, fogões e muito mais – e mostra que técnicas populares antigas chegam ao século XXI apontando caminhos para a sustentabilidade
Giuliana Capello, Planeta sustentável -27/02/2009



sexta-feira, 1 de julho de 2011

Salvemos os prados coloridos nem que seja palmo a palmo.

Cidades e urbanizações, instalações industriais e vias de comunicação ocupam grande percentagem da superfície total dos países industrializados. Desde há alguns anos que se estão a perder cerca de 150 hectares anuais de prados ( superfície equivalente a 300 campos de futebol, espaço suficiente para caberem três explorações agrárias de tamanho médio, devido aos programas de construção e transformação de superfícies úteis.



Desertificação forçada

Nos prados actuais, fertilizados em excesso com vista a obter uma produção recorde de feno e erva, a variedade já não existe, restando apenas uma variedade de espécies muito reduzida entre a qual é difícil descobrir os insectos e pássaros próprios dos prados. Não chega contudo contemplar esses prados monótonos e lamentar que já não possuam o colorido de há uns decénios. Temos de tomar medidas concretas para tratar de remediar este problema de alguma maneira.
Mesmo que a solução global não seja possivel, podemos aplicar pequenos acções que contribuam para introduzir de novo, no nosso próprio ambiente essa variedade de espécies.

Salvemos os prados coloridos nem que seja palmo a palmo.


Vias de recuperação dos prados.


Os prados artificiais e úteis não são biocenoses autênticas, mas sim simples monoculturas de ervas. É verdade que too o mundo tem direito a desfrutar de uma zona ajardinada junto à sua casa ou de um relvado onde possa jogar e praticar desporto como parcela verde do seu próprio habitat. Apesar disso, e infelizmente, há demasiados relvados artificiais meramente decorativos, que se limpa e cuidam ao gosto de cada localidade, para procurar sobretudo que tenham uma única cor verde. Alguns fertilizantes tem componentes tão tóxicos que matam tudo o que não seja erva e que nem sequer deixam crescer uma margarida. Depois de um tratamento desses ao fim de semanas e semanas a utilizar potentes cortadoras de relva, cresce uma cultura parecida com o pelo de um urso, mas com menos vida que um pano verde.



É aqui que temos de intervir para transformar um simples verde numa paleta de cores!



Primeiro passo: fazer menos para conseguir mais

O primeiro efeito positivo obtém-se pelo simples facto de fazer muito pouco ou absolutamente nada.
Basta, ao principio, não cortar todas as semanas plantações de arbustos nem arrancar os rebentos dos muros do jardim, nem da quinta pouco frequentada. Ao fim de algum tempo de não se fazer uma selecção sistemática através do corte ou sega, começam a aparecer por si mesmas dezenas de flores do campo que dão um pouco de cor ao ambiente.
As Margaridas,o Trevo dos prados, a Cenoura silvestre serão algumas delas. Deixar que o prado cresça por si só é um método simples e ao mesmo tempo o mais rápido. Quanto menos intervir a foice a cortar as plantas, tantos mais possibilidades terão as sementes das flores de amadurecerem.
*prescindindo dos cuidados intensos fomenta-se a riqueza das espécies.
* Esta transformação não custa qualquer trabalho, mas são necessários entre 3 a 5 anos para que surja, uma flora multicor.



A solução " ilha"

Semear flores do campo num relvado espesso não tem quase nenhuma possibilidade de êxito.
A comunidade de ervas é muito compacta para dar alguma oportunidade a flores adventícias.
O melhoramento ecológico requer uma primeira e eficaz ajuda nesses casos:
* Desbasta-se o relvado para conseguir zonas pouco espessas onde se possam semear flores campestres.
*Se quiser obter um êxito rápido deverão ser feitos buracos no solo onde se plantarão as plantas silvestres pré-cultivadas.



Prados a partir do zero

Se um relvado fica demasiado rico em nutrientes e não se quer ter a árdua tarefa de o ir empobrecendo durante anos, não há outra solução senão fazer uma instalação completamente nova.
Levantar o relvado e reservado para húmus.
Cavar, deitar um pouco de areia quando o solo é compacto para o tornar mais leve, alisar o terreno e semear.
Cada um pode fazer a sua combinação de espécies crivando grão finos do feno armazenando no silo, desde que proceda de prados de sega floridos e ricos em espécies.



Substitutos dos prados húmidos no jardim

Grandes superfícies húmidas desapareceram da paisagem natural nos últimos decénios, devido a uma drenagem de lodaçais, velas, leitos de arroios e mesmo prados pantanosos.Assim perdeu-se não apenas grandes concentrações de água como também habitats de grande interesse. A flora e a fauna próprias das zonas húmidas enchem grande parte dessas perdas através da criação de novos biótopos húmidos.



Canteiro pantanoso

Um lago de jardim como um canteiro pantanoso anexado não só é um elemento decorativo fascinante como nos permite ver novos espaços de desenvolvimento recuperados da natureza.
Sempre que o espaço disponível o permita, o lago de jardim deverá começar a integrar-se directamente no canteiro pantanoso limítrofe. Essa transição coincide na perfeição com as circunstancias que se dão na paisagem natural, onde as águas livres no limite de zonas secas se estremam com canaviais, prolongando-se em prados húmidos muito extensos.
Se o espaço disponível não permite estabelecer essa combinação entre lago e canteiro pantanoso, também se pode instalar um canteiro de plantas sempre húmido e mais pequeno. Este tem o inconveniente de ter de se controlar o nível de água de forma periódica, enquanto o canteiro pantanoso anexado ao lago é alimentado pela água acumulada neste.
* a instalação de um canteiro pantanoso é semelhante à de um lago: a caixa para 1 canteiro não deve de ter mais de 30-50 cm de profundidade, isolando o fundo.



Protecção das espécies mesmo sem prado

As flores silvestres tornam-se quase numa raridade nos campos depurado. se não quisermos que a "lista vermelha" das espécies que estão em perigo se torne cada vez maior, temos de criar mais habitats para elas e também para as que neste momento ainda existem em abundância.
O nosso próprio jardim por exemplo, será o sitio ideal para empreender muitas acções a favor da protecção das espécies.
Um jardim monótono é aborrecido melhorará o seu aspecto e valor ecológico se tiver mais flores silvestres.
A transformação ecológica de um relvado num prado repleto de flores é uma excelente ocasião para enriquecer e revalorizar superfícies que se caracterizam pela sua monotonia. Por outro lado, também se podem proteger e cuidar de bonitas flores do campo fora do âmbito do próprio prado, com o que acrescentaríamos novas notas de cor no jardim.




Podemos ter dois tipos de habitats para completar ,um prado florido normal: um biótopo seco e outro húmido, cada um com as suas próprias espécies



Uma pequena ilha húmida no jardim oferece a possibilidade de conservar, através do cultivo, plantas dos prados húmidos que estão em vias de extinção.


Canteiro seco

Na paisagem cultivada, as pradarias e prados secos ocupam sobretudo superfícies não utilizáveis para suprimir necessidades como são por exemplo as colinas e taludes expostos ao sol, pouco profundos e, quase sempre, bastante, pobres em nutrientes. Sítios semelhantes a este existem em terrenos à volta de qualquer casa. Entrada de veículos, caminhos, plantações ao lado das escadas exteriores e todo o tipo de terrenos de costa são lugares ideais para a criação de biótopos secos. Também em alguns sítios podem ser substituídas todas as plantas cespitosas de uma única cor. Os declives pouco pronunciados podem ser transformados em interessantes canteiros secos sem grande esforço. Nos grandes terrenos escalonados é mais adequado um muro de suporte seco. No entanto, também se pode fazer uma combinação entre os dois elementos. O importante no canteiro seco é que o solo tenha as mesmas condições de vida que oferece um declive seco.

* O canteiro seco orientar-se-á no sentido sul ou sudoeste, para que as plantas estejam bem expostas ao sol.

* Uma camada de 20-40 cm formada por pedras e gravilha grossa ajudará numa boa drenagem.

* A terra para as plantas deve de ter uma camada de 10 a 30 cm de limo fino ou mistura de limo e areia. Nos solos calcários cresce uma flora seca de grande esplendor. A instalação de canteiros secos é mais fácil em terrenos calcários.Em solos moderadamente ácidos pode proceder-se a uma calcificação cuidadosa do tabuleiro. Os produtos necessários produtos necessários vendem-se em lojas de artigos de jardinagem.Siga as instruções das embalagens, já que as quantidades de cal necessárias variam muitos de uns solos para outros.
*A maioria de plantas apropriadas são por exemplo a Helianthemum, a Dianthus carthusianorum, o Geranium sanguineum, A Knautia arvensis, o Cirsium acaule ou Silene vulgaris.



Por muito atractivas, raras ou mesmo protegidas que sejam as plantas silvestres, não se devem retirar do seu habitat natural para se cultivarem no jardim.



Muro seco

A instalação de um muro seco é a mais complexa, uma vez que tem de ser um construção consciente. Uma parte das junções será fechada com terra fina pobre em nutrientes ( cal granulada, limo fino, mas nada húmus) e poderá plantar sobre ela. Obtem-se exitos rápidos plantando-se fores pré-cultivadas, como, a Campanula rotundifolia ou outras campanuláceas, o Trifolium montanum, o Aster alpinus ou qualquer outras das muitas plantas floríferas e especializadas em solos secos.


Um muro seco imita as condições de um rochedo natural. É importante aplicar as pedra com uma certa inclinação para que possam resistir à pressão do declive. Também tem que se deixar espaço livre suficiente entre elas para se fazer a plantação.


Referência: B.P. kremer